O crédito rotativo é uma das modalidades de crédito mais utilizadas no Brasil, mas também uma das mais perigosas para a saúde financeira dos consumidores.
Com taxas de juros extremamente elevadas, ele pode rapidamente transformar pequenas dívidas em grandes problemas, levando à inadimplência e à negativação do nome.
Neste artigo, vamos explicar o que é o crédito rotativo, como funciona, suas desvantagens e como evitar cair nessa armadilha financeira.
O que é Crédito Rotativo e como funciona?
O crédito rotativo é um tipo de financiamento oferecido pelos bancos quando o consumidor não consegue pagar o valor total da fatura do cartão de crédito até a data de vencimento.
Funciona assim:
- O consumidor paga um valor entre o mínimo exigido e o total da fatura.
- O saldo devedor (a diferença entre o valor total da fatura e o valor pago) é financiado pelo banco, com a incidência de juros e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
- O consumidor deve pagar o saldo devedor até o vencimento da próxima fatura.
Na prática, o cliente está pedindo ao banco um “empréstimo” referente ao saldo não pago, mas com juros muito elevados, que podem chegar a 450% ao ano ou mais, dependendo da instituição financeira.
Regras do Crédito Rotativo
Devido ao uso excessivo e à alta inadimplência, o Conselho Monetário Nacional (CMN) implementou algumas regras em 2017 para reduzir os riscos dessa operação:
- O uso do crédito rotativo é limitado a 30 dias. Após esse período, o saldo devedor precisa ser quitado ou parcelado.
- Em 2023, o Banco Central estabeleceu um limite máximo para os juros do crédito rotativo. Eles podem ser cobrados somente até o valor da dívida dobrar.
Exemplos de taxas de juros do Crédito Rotativo
As taxas de juros do crédito rotativo variam entre os bancos, mas são, de modo geral, extremamente altas. Veja abaixo alguns exemplos de taxas mensais e anuais, de acordo com o Banco Central (dados de setembro de 2023):
- Banco Pan: 19,44% a.m. | 742,64% a.a.
- Banco C6: 16,96% a.m. | 555,02% a.a.
- Itaú: 16,74% a.m. | 540,77% a.a.
- Banco do Brasil: 15,33% a.m. | 453,5% a.a.
- Santander: 15,05% a.m. | 437,83% a.a.
- Bradesco: 14,17% a.m. | 390,34% a.a.
- Banco Inter: 14% a.m. | 381,73% a.a.
- Nubank: 13,48% a.m. | 356,18% a.a.
- Caixa Econômica: 11,13% a.m. | 254,97% a.a.
Desvantagens do Crédito Rotativo
Apesar de ser uma opção emergencial para quem não consegue pagar a fatura integral do cartão de crédito, o crédito rotativo apresenta várias desvantagens:
- Juros Altíssimos:
As taxas de juros do crédito rotativo estão entre as mais altas do mercado, fazendo com que a dívida cresça rapidamente. - Dificuldade de Quitar a Dívida:
Caso o consumidor não pague o saldo devedor em um curto período, a dívida pode virar uma “bola de neve”, tornando-se impagável. - Nome Negativado:
O atraso no pagamento pode levar à negativação do nome nos órgãos de proteção ao crédito (como Serasa e SPC). - Danos ao Histórico de Crédito:
A inadimplência pode prejudicar o score de crédito, dificultando a obtenção de novos financiamentos no futuro.
Como evitar o Crédito Rotativo
O crédito rotativo deve ser utilizado apenas em situações emergenciais, já que suas altas taxas podem comprometer a saúde financeira. Confira algumas dicas para evitar cair nessa armadilha:
- Controle Seus Gastos:
Monitore sua fatura do cartão de crédito regularmente, usando aplicativos ou planilhas financeiras. - Estabeleça um Teto de Gastos:
Determine um limite máximo para suas compras no cartão e evite ultrapassá-lo. - Evite Parcelamentos Excessivos:
Muitas parcelas podem acumular e se tornar uma fatura impagável no futuro. - Pague o Valor Total da Fatura:
Sempre que possível, pague a fatura integralmente até a data de vencimento. - Renegocie Dívidas:
Caso não consiga pagar o valor integral, procure o banco para renegociar a dívida com juros menores por meio do parcelamento da fatura.
O fim do Crédito Rotativo?
Devido aos altos juros e à inadimplência elevada, o Banco Central estuda alternativas para reformular o modelo do crédito rotativo.
Em outubro de 2023, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a proposta inclui a extinção do crédito rotativo.
De acordo com Campos Neto, a ideia é:
- Substituir o rotativo pelo parcelamento automático da fatura, com taxas mais acessíveis, em torno de 9% ao mês.
- Criar tarifas que desestimulem o parcelamento sem juros em prazos muito longos.
Essa medida tem o objetivo de disciplinar o uso do crédito e reduzir os juros exorbitantes cobrados atualmente.