A inflação é um termo amplamente conhecido, mas você sabe o que significa deflação? Ambos são fenômenos econômicos que envolvem a variação de preços de produtos e serviços, impactando diretamente o mercado.
Contudo, enquanto a inflação reflete a desvalorização do dinheiro com o aumento dos preços, a deflação simboliza o oposto: uma queda generalizada nos valores.
Apesar de parecer vantajosa à primeira vista, a deflação persistente pode ser tão prejudicial quanto a inflação descontrolada.
O Banco Central do Brasil (BC) alerta que “preços em queda podem ser prejudiciais para o bom funcionamento da economia”. Vamos entender o motivo.
O que é Deflação?
A deflação é o processo inverso da inflação. Trata-se de uma redução generalizada e contínua nos preços de bens e serviços ao longo do tempo.
Assim como a inflação, a deflação é um termômetro econômico, refletindo a saúde da economia de um país.
Embora indique um aumento no valor do dinheiro, a deflação pode gerar sérios impactos negativos. Ela geralmente está associada à redução do consumo, excesso de oferta e desaceleração econômica.
Segundo especialistas, a deflação pode ser observada em situações como:
- Menor consumo: Indica que a população está adquirindo menos bens e serviços.
- Dívidas mais caras: A deflação aumenta o valor real das dívidas, prejudicando consumidores e empresas.
- Menos investimentos: Empresas evitam expandir ou contratar, resultando na redução de empregos e queda no crescimento econômico.
Diferença entre Deflação, Inflação e Desinflação
Esses três conceitos são frequentemente confundidos, mas possuem significados distintos:
- Inflação: Aumento geral e contínuo nos preços, reduzindo o poder de compra.
- Deflação: Redução generalizada nos preços, indicando uma possível desaceleração econômica.
- Desinflação: Redução no ritmo de aumento dos preços, ou seja, os preços ainda sobem, mas em um ritmo menor.
Exemplo: Se o índice de inflação de um mês foi de 1% e no mês seguinte caiu para 0,5%, houve desinflação. Já se o índice for negativo, ocorre deflação.
Como a Deflação é calculada?
A deflação é medida utilizando os mesmos índices que monitoram a inflação, como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE.
Este índice avalia a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços representativa para as famílias brasileiras.
O cálculo é baseado em uma média ponderada de preços, considerando itens como alimentação, transporte, saúde e educação.
Cada item tem um peso proporcional à sua relevância no orçamento familiar. Essa análise é realizada em 13 regiões urbanas do Brasil e abrange aproximadamente 430 mil preços coletados mensalmente.
Outros índices, como o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), também são usados para monitorar a inflação e a deflação.
Causas e riscos da Deflação
A deflação ocorre quando há um excesso de oferta ou uma queda significativa na demanda.
No caso do Brasil, fatores como a redução nos preços dos combustíveis, aumento da oferta de alimentos, desemprego e endividamento das famílias têm contribuído para períodos de deflação.
Embora possa parecer benéfica, a deflação prolongada apresenta riscos, como:
- Desmotivação do setor produtivo: Fabricantes podem reduzir a produção ou até abandonar o mercado, levando à escassez de produtos.
- Recessão econômica: A queda na demanda pode causar diminuição do consumo, desemprego e declínio na atividade econômica.
- Impactos no mercado financeiro: Prejuízos para comerciantes e investidores, com menor retorno em ativos e desvalorização de estoques.
O Banco Central aponta que deflação prolongada pode gerar um ciclo de pessimismo, onde consumidores adiam compras, aguardando preços ainda menores, e empresas postergam investimentos, causando estagnação econômica.
Como proteger os investimentos da Deflação?
Proteger seus investimentos durante períodos de deflação exige planejamento e diversificação. Aqui estão algumas estratégias recomendadas por especialistas:
- Evite dívidas de alto custo: Durante a deflação, o valor real das dívidas pode aumentar, comprometendo seu orçamento.
- Diversifique sua carteira: Inclua ativos de diferentes classes, como ações, títulos e imóveis, para mitigar riscos.
- Invista em renda fixa indexada: Ativos atrelados à inflação podem oferecer maior proteção durante períodos de queda nos preços.
- Acompanhe as tendências econômicas: Esteja atento às decisões do Banco Central, como alterações na taxa Selic, que impactam diretamente os retornos de investimentos.
Exemplos de Deflação no Brasil e no mundo
Brasil
O Brasil registrou episódios de deflação pontuais em julho de 2022 e nos meses de abril e maio de 2020, ambos influenciados pela pandemia de COVID-19.
Em julho de 2022, o índice de preços caiu 0,68%, impulsionado pela redução nos preços dos combustíveis e alimentos. Entretanto, esses eventos não caracterizam uma deflação prolongada, mas sim quedas temporárias.
Mundo
A China enfrentou deflação em julho de 2023, com uma redução de 0,3% no índice de preços. O cenário refletiu o impacto do desemprego, baixa demanda e a crise no mercado imobiliário.
Outros países, como Suécia, Itália e Espanha, também registraram índices negativos no mesmo período, segundo o Global Economy.
Relação da Deflação com o IPCA
O IPCA desempenha um papel central na identificação de cenários de inflação e deflação.
Ele mede a variação de preços em nove categorias principais, como alimentação, transporte e saúde, refletindo o custo de vida das famílias. Quando o índice apresenta variação negativa, é um indicativo de deflação.
Além disso, o IPCA influencia as decisões do Banco Central, que ajusta a taxa básica de juros (Selic) para controlar a inflação e estabilizar a economia.